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Diversidade & Inclusão

4 Dicas Vitais para Você Vender para a Comunidade LGBT sem Parecer um Oportunista

Maira Reis
Escrito por Maira Reis em 15 de abril de 2018
4 min de leitura
4 Dicas Vitais para Você Vender para a Comunidade LGBT sem Parecer um Oportunista
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Deparei com um curso curioso de vendas para “vendedores LGBTs”, sendo ministrado por uma pessoa hétero, cisgênero e que eu saiba nunca trabalhou em prol da comunidade LGBT (xii, já sei o que você deve estar pensando: mas só LGBT pode fazer coisas para LGBTs. Vamos falar sobre isso mais abaixo ok?).

Trouxe esse case para o meu blog porque o problema de comunicação e entendimento da causa LGBT são vários.

Vou expô-los aqui, nos próximos tópicos, explicando cada um deles.

Antes, gostaria de dizer que esse conteúdo é para que você, caso queria, um dia criar um produto (online e/ou offline) para o público LGBT, espero que tenha lido esse texto (rs!) e não cometa esses mesmos erros.

Até porque o público LGBT tem um fantástico poder econômico:

O público LGBT tem o poder compra estimado em R$ 419 bilhões (o valor é equivalente a 10% do PIB brasileiro), dados de 2016, levantados pela a Out Leadership, associação internacional de empresas que desenvolve iniciativas para o público gay.

Portanto, bora lá! Levantei as seguintes pisadas na bola:

– Erro no uso das siglas da comunidade LGBTQ;

– Falta de entendimento do que é a comunidade LGBT;

– Saber qual é o propósito da comunidade LGBT;

– Um pessoa que não é da comunidade LGBT querem vender ideias autoritárias para a comunidade LGBT.

1º | Erro no Uso das Siglas LGBTs

Não adianta você querer trabalhar com o público LGBT se, ao menos, você não sabe nem se portar corretamente com ele.

O uso do termo GLS não existe mais, como eu disse nesse Dicionário LGBTQIAP+, que fiz e disponibilizei gratuitamente para as pessoas entenderem de vez os termos do nosso universo colorido.

Isso é o básico do básico. Se você não sabe nem como falar com as pessoas LGBTs, qual é a credibilidade do seu projeto?

Inexistente! Essa atitude demonstra que:

  1. Você está atrasado em relação aos avanços da própria comunidade LGBT (você não sabe das mudanças do seu público-alvo, então como você quer vender para ele?);
  2. Não percebe que essa sigla exclui um monte de pessoas LGBTs, então, no caso, você vai vender só para G-L-S? Ou seja, gays, lésbicas e simpatizantes (que não existem mais). Logo está deixando de representar na sua comunicação pessoas trans, bissexuais e todas as demais – como intersexos, não-binários, queers, etc.

Portanto, por favor, antes de tudo:

Entenda o que é a sigla do universo LGBT, o que significa cada letra e o porquê da importância de cada letrinha do nosso alfabeto colorido.

2º | Falta de Entendimento do que é a Comunidade LGBT+

Se você acredita que o mundo LGBT é uma modinha está muito bem enganado / enganada. Aliás, esse é o pensamento de quem nunca foi atrás de entender exatamente os movimentos da nossa sociedade.

Existimos desde que o mundo é mundo, começamos a ganhar visibilidade nos anos 70 e, agora, foi que, finalmente, começamos a ter os nossos direitos reconhecidos.

Ufa! Já era hora, né? Uma coisa é certa:

– Quando os negros começaram a ter os seus direitos reconhecidos, eles e elas deixaram de existir?

– Quando pessoas com deficiência começaram a ter os seus direitos reconhecimentos elas deixaram de existir?

Logo, a comunidade LGBT é formado por pessoas que, além de não deixarão de existir a curto, médio e longo prazo.

São pessoas que se conectam para serem reconhecidas como elas são e com as suas mil e uma diversidades / formas de viver no mundo.

O que eu quero dizer é que quando há qualquer ação em que não se reconhece que a comunidade LGBT já existe, há muito tempo, e propõe dar luz a um grupo que está surgindo agora, é novo e diferente, ao meu ver, é um erro grotesco e com um viés oportunista.

Para uma comunicação inclusiva e efetiva, antes de tudo, temos que aceitar que as pessoas estão aí, na nossa sociedade, desde sempre, não dando diferenciação para delas como algo “inovador, diferente, único, da moda”.

Aliás, você gostaria de ser intitulado como representante de algo que “só surgiu agora”?

Acredito que não! Então porque a comunidade LGBT tem que ser rotulada dessa forma?

3º | Entender Qual é o Propósito da Comunidade LGBT

Esse item acaba se conectando com o de cima.

Quando você entende que a comunidade LGBT JÁ EXISTE e SEMPRE EXISTIU [letras em caixa alta só para um destaque nessas palavras] na nossa sociedade, você passa para o segundo ponto:

  • O que ela realmente deseja?
  • Quais são os seus propósitos de vida?
  • O que ela se conectaria com o meu produto?
  • Como eu poderia me conectar com tudo isso com a minha marca, caso seja, pessoal?

Ou seja, você vai atrás de ouvir as pessoas LGBTs e levantar suas dores, sonhos, desejos e dúvidas.

Aliás, se você me segue a um tempinho sabe que, pelo menos, nos últimos 4 meses, eu rodei umas 3 pesquisas com as pessoas que me seguem. E eu fiz justamente por isso!

Eu queria entender exatamente, seja você LGBT ou não, se as ideias que eu tinha para um projeto se conectavam, o que as pessoas queriam de mim e dos meus trabalhos e como conectar tudo isso.

Agora, se você não tem a uma base de pessoas LGBT que seguem você e/ou o seu projeto para rodar uma pesquisa, que tal começar lendo os comentários em grupos das redes sociais e acompanhando publicações de influenciadores LGBT+?

Ao fazer isso, você não tira conclusões precipitadas baseadas no seu mercado ou produto (olha, não é só porque o meu produto vendeu 20% a mais para gays, nesse mês, que eu vou fazer “algo top” só para esse público).

O que descobri sobre o mercado LGBT, depois de ter rodado o mundo cobrindo Paradas LGBTs, é que seja em Nova York, Viena e/ou Brasil, o público LGBT não quer:

Aceitar um padrão binário e heteronormativo de se viver a sua própria essência.

Exemplificando:

  • Quando uma pessoa trans faz o seu processo de readequação de gênero, ela está rompendo com o sistema binário (de ser homem ou mulher) e sendo trans (tendo o seu modo transexual de viver a sua própria vida).

Em outras palavras:

  • Não tem lógica nenhuma querer colocá-la em um padrão, por exemplo, de um estilo de vida de uma mulher, cisgênera, casada com um homem e com 2 filhos como o mesmo de uma mulher lésbica recém-casada transexual.

Nos 2 exemplos há um diferenciação:

  • Quando falamos de pessoas trans, falamos de gênero.
  • Quando falamos de uma mulher lésbica, falamos de sexualidade.
  • Mulher lésbica e transexual = são modos diferentes de viver a sua sexualidade e/ou gênero.

Ou seja, são formatos, novamente, diferentes de estar vivendo uma vida.
Logo NÃO devemos encaixar nada no padrão homem ou mulher, casada, religiosa, com 3 filhos para criar e que a sociedade “aceita”?

Não é só porque você é hétero, cisgênero e casado que uma pessoa LGBT tem que seguir as “normas” que você acredita que são boas para você e/ou sua família.

Entende como não tem nexo nenhuma querer incentivar LGBTs a ocuparem os seus espaços no mundo por um viés hétero?


Por isso que eu volto a enfatizar a importância da pesquisa, afinal é pelo intermédio dela que você vai romper o seu pensamento padrão binário: homem ou mulher.

Para deixar isso ainda mais claro:

Tem gays que desejam se casar e formar família? Sim.

Como tem outros que não (eu, por exemplo, não quero formar família).

Agora uma sacada é bem simples, certeira e digna:

É criar suas ações baseadas nos pilares da liberdade e de ser você mesmo, com o estilo de vida que for e propósitos que quiserem uma pessoa LGBT.

Simples assim. Muito mais fácil do inventar a roda: querer encaixar um grupo de pessoas em um padrão que não diz respeito à sua essência.

4º | Uma Pessoa Hétero e Cisgênera quer Vender Ideias Autoritárias para a Comunidade LGBT

Vamos parte aqui:
Então, Maira, um hétero, cisgênero não pode vender para a comunidade LGBT?

Quando uma empresa propõe uma ação de diversidade e inclusão, principalmente voltada para a comunidade LGBT, o que ela faz?

O primeiro passo é criar um Comitê de Diversidade para reunir não só pessoas interessadas nesse assunto / atividade como também representantes de cada minorias para compartilharem as suas vivências e experiências / necessidades dentro daquele espaço empresarial e social.

Logo, ao meu ver, um hétero NÃO DEVE vender para o público LGBT sozinho.

Leia novamente que eu disse:

SOZINHO!

Ele precisa, como já falei acima, fazer uma boa pesquisa e depois se conectar com a própria comunidade LGBT – trazendo ela para ser protagonista das suas ações.

E isso tem que ficar bem explícito no próprio marketing do evento para que realmente você se passe por um oportunista.

Isso a gente vê acontecendo em ações publicitárias incríveis de marcas que, até então, nunca falaram para o público LGBT.

Elas se conectam com a causa e dão visibilidade e espaço para pessoas LGBTs serem representadas como são. E é isso que faz uma ação se conectar tão fortemente, gerando resultados extraordinário, com a comunidade porque nos sentimos representados / representadas.

E quando isso não acontece é o que vejo acontecer:

Hétero querendo apitar sobre como a comunidade LGBT deve ser, se posicionar no mundo, viver a sua própria vida e sem entender que o espaço é de cocriação, de troca, que uma sociedade igualitária não se faz com imposição de ideias e, muito menos, de estilo de vida.

Daqui a pouco, vamos ver héteros querendo dizer como gays devem ser gays. Ops, se não estiver acontecendo em algumas ações oportunistas por aí, não é?

Não é assim que eu acredito que ações de marketing, diversidade e inclusão devem caminhar.

https://mairareis.com/dicionario-lgbt/

Como eu disse nesse outro texto aqui:

Diversidade (leia-se também universo LGBT) não é fazer das pessoas um case de marketing.

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