O que é LGBTfobia? Definições, Dados e o Termo Correto a Ser Usado para Falar Sobre esse Preconceito

Em dezembro de 2017, decidi fazer um e-book, o Dicionário LGBT+ para Você Parar de Passar Vergonha na Web, para explicar as siglas do universo LGBT+ porque estava cansada de corrigir as pessoas no LinkedIn (rede social que hoje dou mais atenção). Ele não existe mais, porém foi atualizado e se transformou nesse Dicionário LGBTQIAPN+.

Na época, não se encontrava um material relevante explicando cada termo de uma forma didática e simples. E, claro, em um só lugar. 

Quando coloquei esse trabalho na web, percebi que ele só era a ponta do iceberg para desenvolver um trabalho educativo que realmente revoluciona a vida das pessoas. 

E nas minhas pesquisas por materiais LGBTQIAPN+ educativos, percebi que não havia nada na web que explicasse, em um só lugar, o porquê de algumas frases e em determinados contextos se tornarem argumentações LGBTfóbicas.

E foi assim que resolvi uma série de artigos sobre isso que você irá encontrar nesse blog.

Na também mesma época, me deparei com a ação que a Vodka Absolut Brasil também estava fazendo, “um mesmo trabalho que eu”:

• Em suas redes sociais, porém focada em explicar as mensagens de ódio que recebeu após terem colocado a campanha “Absolut Art Resistance” que tem como mote “Arte Resiste, o Mundo Progride”, na internet.

Essa campanha teve vários desdobramentos incríveis. Desde introduzir no Brasil a sua atuação internacional com a comunidade LGBT+, com início nos anos 70, passando pela união das artistas Linn da Quebrada e As Bahias e a Cozinha Mineira.

Essas pessoas criaram uma música e um videoclipe para o projeto, até concluir o projeto com a realização de um painel gigantesco no Minhocão (São Paulo/SP), com as imagens Linn da Quebrada e As Bahias e a Cozinha Mineira levando à conscientização da causa trans. 

Esse blog tem um impacto bem menor do que essa ação da Absolut, mas, como disse acima, temos algo em comum: levar consciência e informação para tentar diminuir os dados alarmantes de LGBTfobia no Brasil e a propagação do discurso de ódio nas redes sociais.

E começaremos falando disso abaixo, mas antes saiba que:

Você pode ler já um artigo (além desse) aqui: Frases Lesbóbicas aqui.

Entendendo o que é LGBTfobia

É muito comum você ver as pessoas falando em homofobia ao invés de LGBTfobia. Pois LGBTfobia é o ódio e/ou aversão contra pessoas da comunidade LGBTQIAPN+

Uso raramente homofobia aqui porque há muitos estudos relacionados ao termo ‘homofobia’ e não ‘LGBTfobia’ – bem, ainda não! Acredito que a longo prazo, cada vez mais usaremos LGBTfobia e não homofobia.

Antes de tudo, é importante lembrar o impacto negativo da homofobia (na verdade, LGBTFobia) na nossa sociedade hoje (mais abaixo você entenderá o porquê do termo ‘homofobia’ ser “errado”). São alguns deles:

Aumento no número de morte de pessoas LGBTQIAPN+

Há um número crescente de homicídios que cada vez mais impacta a comunidade LGBTQIAPN+. Lembrando: homicídio por você ser uma pessoa LGBTQIAPN+ e não por sofrer, por exemplo, um assalto.

Segundo um relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), entre 2016 e 2017, cresceu em 30% os homicídios de LGBTs, no Brasil.

Invisibilidade social

Principalmente, sofrido / sofrida por quem não se encaixa no padrão binário (homem ou mulher), cisgênero e heterossexual, sofrendo assim invisibilidade e preconceito por boa parte da nossa sociedade – inclusive, até pela própria comunidade LGBTQIAPN+.

Falta de cultura e respeito ao próximo

Ao realizar práticas homofóbicas, você está deixando de ver o mundo com outros olhos, de acrescentar cultura no seu dia a dia e entender que o próximo merece o respeito pelo que é, assim como você.

Questionamento da igualdade de direitos

Algumas vertentes do cristianismo “afirmam” que só pode existir a união entre homens e mulheres (casamento) porque é assim que faz valer as leis de Deus.

O problema é que tal pensamento efetiva práticas LGBTfóbicas, principalmente xingamentos e frases discriminatórias, além de desqualificar um casal LGBTQIAPN+ como “apto” para construir uma família através das redes sociais.

Por que Usar LGBTfobia e Não Homofobia?

É importante lembrar que, atualmente, a palavra homofobia é muito mais conhecida e difundida quando se refere à comunidade LGBTQIAPN+. Mas precisamos nos conscientizar que essa palavrinha não é tão legal de ser usada em outros contextos.

Primeiro que homofobia significa fobia (medo ou repulsa persistente e irracional de uma pessoa, situação e/ou prática) contra pessoas homossexuais, ou seja, você está excluindo as pessoas trans, bissexuais, lésbicas, queer e quaisquer outras nomenclaturas que possam vir quando usa “homofobia para falar da fobia contra LGBTQIAPNs”.

Por isso recomendo usar LGBTfobia, ou seja, fobia contra pessoas LGBTQIAPNs, pois engloba todo mundo perfeitamente.

Além disso, aqui você vai se deparar com conteúdos preconceituosos e fóbicos separados de acordo com cada letra do nosso alfabeto colorido. São eles:

• Homofóbicos: fobias contra gays.
• Lesbofóbicos: fobias contra lésbicas (nesse caso, ela pode ser uma lésbica cisgênera, lésbica transexual, não-binário, etc.).
• Bifóbicos: fobias e preconceitos contra pessoas bissexuais (sejam elas, homens ou mulheres cisgêneros, trans, queers, não-binários, etc.).
• Transfóbicos: fobias contra pessoas trans (sejam elas homens ou mulheres, não-binários, queer, agênero, gênero fluído, etc.).

Outro ponto interessante:

Diferença Entre Orientação Sexual e Identidade de Gênero

A sua orientação sexual (gay, lésbica, bissexual, heterossexual, etc.) é a forma como você vive sua prática sexual e modo de vida.

Isso não tem nada a ver com a sua identidade de gênero (cisgênero, transexual, não-binário, gênero fluído, etc.), significando como você quer ser reconhecido / reconhecida por si mesmo / si mesma e/ou pela sociedade.

Na prática, isso significa que…

• Uma pessoa trans (identidade de gênero) pode ser lésbica (orientação afetiva-sexual);
• Uma pessoa trans (identidade de gênero) pode ser gay (orientação afetiva-sexual);
• Uma pessoa trans (identidade de gênero) pode ser bissexual (orientação afetiva-sexual).

O mesmo vale para uma pessoa cisgênera, não-binária, gênero fluído, etc.