Talvez você já tenha ouvido falar que TDAH tem hiperfoco.
Nesse artigo, quero esclarecer tudo relaciona relacionado a esse assunto. E mais, te explicar como ele funciona na prática conosco.
Esse, com certeza, é uma das coisas boas de ter TDAH, caso você saiba direcionar para seu benefício próprio. Para isso, te explico melhor abaixo. Continue lendo.
O que é Hiperfoco?
O hiperfoco é um estado mental caracterizado por uma concentração extrema e intensa em uma atividade específica, na qual a pessoa se envolve de maneira profunda e absorvente.
Durante o hiperfoco, a pessoa experimenta um aumento significativo na capacidade de concentração, imersão total na tarefa e uma diminuição da percepção do tempo e do ambiente ao seu redor.
Essa experiência pode ser tão envolvente que a pessoa perde a noção do que acontece ao seu redor, ignorando estímulos externos, inclusive fatores que normalmente seriam distrações.
Embora o hiperfoco possa ser uma ferramenta valiosa para aumentar a produtividade e o desempenho em atividades de interesse pessoal ou profissional, ele também pode ter algumas consequências negativas. Em alguns casos, as pessoas podem se envolver tanto em uma tarefa que negligenciam outras responsabilidades importantes, como trabalho, estudo, relacionamentos e autocuidado.
Para aqueles que experimentam o hiperfoco com frequência, é essencial aprender a gerenciar esse estado mental para equilibrar a dedicação a atividades prazerosas com a atenção às demandas diárias e responsabilidades.
O apoio de profissionais de saúde mental, terapia cognitivo-comportamental e estratégias de autogerenciamento podem ser úteis para aproveitar os benefícios do hiperfoco, evitando seus possíveis impactos negativos na vida diária.
Como Funciona o Hiperfoco no TDAH? Hiperfoco é Normal?
O hiperfoco no TDAH é uma experiência peculiar, uma vez que indivíduos com esse transtorno frequentemente lutam para manter a concentração em atividades cotidianas.
No entanto, quando estão envolvidos em tarefas altamente estimulantes ou de grande interesse pessoal, o cérebro das pessoas com TDAH parece operar de maneira distinta.
Pesquisas apontam que durante o hiperfoco, áreas cerebrais responsáveis pelo controle da atenção e impulsividade apresentam atividade reduzida, enquanto regiões ligadas ao processamento de recompensa e motivação são ativadas.
Durante o hiperfoco no Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o cérebro das pessoas afetadas apresenta uma atividade neuroquímica e neural distinta em comparação com estados normais de atenção.
Embora o TDAH esteja associado a dificuldades em manter a concentração em tarefas rotineiras, atividades de baixo interesse ou longas, o hiperfoco é uma experiência paradoxal em que essas mesmas pessoas podem se engajar profundamente em atividades altamente estimulantes ou de grande interesse pessoal.
Vários estudos de neuroimagem e pesquisas sobre o funcionamento cerebral no hiperfoco do TDAH fornecem insights sobre como o cérebro opera nesse estado particular.
Algumas das principais características incluem:
Atividade reduzida no córtex pré-frontal:
O córtex pré-frontal é uma região do cérebro responsável pelo controle da atenção, tomada de decisões, planejamento e organização.
Em indivíduos com TDAH, essa área pode apresentar déficits na regulação da atenção em situações comuns. No entanto, durante o hiperfoco, pesquisas mostram que essa parte do cérebro pode exibir uma atividade reduzida.
Esse “desligamento” temporário do córtex pré-frontal pode permitir que a pessoa se concentre intensamente na tarefa, sem ser tão facilmente distraída por outros estímulos.
Atividade aumentada em áreas de recompensa e motivação:
Durante o hiperfoco, áreas do cérebro associadas ao processamento de recompensa e motivação, como o núcleo accumbens e o sistema límbico, podem se tornar mais ativas. Essa ativação está relacionada ao prazer e à satisfação que a pessoa obtém ao se envolver profundamente em uma atividade de interesse.
A sensação de realização e satisfação durante o hiperfoco pode funcionar como um reforço positivo, tornando essa atividade ainda mais envolvente.
Níveis de neurotransmissores:
O hiperfoco no TDAH também pode estar relacionado a alterações nos níveis de neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalina. Essas substâncias químicas têm um papel importante na regulação da atenção, motivação e emoções.
Em pessoas com TDAH, esses neurotransmissores podem não ser regulados adequadamente, mas durante o hiperfoco, pode ocorrer um aumento temporário na liberação de dopamina, contribuindo para a sensação de foco intenso e prazer durante a atividade.
Exclusividade da tarefa:
Uma característica notável do hiperfoco é que, durante esse estado, a pessoa tende a se concentrar exclusivamente na tarefa em questão, ignorando outras informações e estímulos ao seu redor. Essa seletividade é uma das razões pelas quais o hiperfoco pode ser tão poderoso e absorvente.
É importante destacar que o hiperfoco, embora seja um estado mental interessante e útil para pessoas com TDAH, também pode ter efeitos negativos se não for gerenciado adequadamente.
Pessoas em estado de hiperfoco podem negligenciar outras atividades importantes, como comer, dormir, trabalhar ou estudar, o que pode causar desequilíbrios na vida diária.
Portanto, é essencial aprender a reconhecer e direcionar o hiperfoco de forma saudável, aproveitando suas vantagens sem prejudicar outras áreas da vida. O acompanhamento médico, terapêutico e o desenvolvimento de estratégias de autogerenciamento podem ser fundamentais para tirar o máximo proveito do hiperfoco e minimizar seus impactos negativos.
Enquanto o hiperfoco é um fenômeno comum em pessoas com TDAH, não é exclusivo dessa população. Indivíduos sem o transtorno também podem experimentar o hiperfoco, mas, em geral, é mais recorrente e pronunciado em pessoas com TDAH.
Quais Transtornos Têm Hiperfoco?
Embora o hiperfoco seja mais comumente associado ao TDAH, não se restringe apenas a esse transtorno. Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno Bipolar e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) também podem experimentar episódios de hiperfoco relacionados aos seus interesses específicos.
Cada transtorno pode manifestar o hiperfoco de maneira única, devido às diferenças na forma como seus cérebros processam informações e experiências.
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Quanto Tempo Dura o hiperfoco no TDAH?
A duração do hiperfoco no TDAH pode variar significativamente de pessoa para pessoa e também depende da natureza da atividade em questão. Em alguns casos, o hiperfoco pode durar apenas alguns minutos ou horas, enquanto em outros, pode estender-se por dias, levando à negligência de outras necessidades básicas, como sono e alimentação.
A literatura científica ainda carece de pesquisas detalhadas sobre a duração exata do hiperfoco em indivíduos com TDAH. No entanto, é importante notar que a gestão adequada do transtorno, com o apoio de profissionais de saúde mental e estratégias comportamentais, pode ajudar a otimizar a experiência do hiperfoco e minimizar seus efeitos negativos.
Exemplos de Hiperfoco: Como Funciona na Prática
O hiperfoco pode se manifestar de diversas formas e em diferentes contextos. Algumas pessoas com TDAH podem apresentar hiperfoco em áreas acadêmicas, dedicando horas a fio a um projeto de pesquisa ou resolvendo complexos problemas matemáticos.
Outros podem experimentar hiperfoco em atividades artísticas, como pintura, escrita ou música, perdendo a noção do tempo enquanto se envolvem profundamente em sua criatividade.
Além disso, o hiperfoco pode ocorrer em áreas de interesse pessoal, como jogos eletrônicos, leitura de livros, prática de esportes ou mesmo na realização de tarefas domésticas específicas.
É importante lembrar que o hiperfoco pode ser uma ferramenta valiosa quando aplicado a atividades produtivas e positivas, mas também pode se tornar um obstáculo quando leva à negligência de outras responsabilidades ou atividades essenciais.
O hiperfoco é um fenômeno intrigante e muitas vezes mal compreendido ocorrendo em indivíduos com TDAH e em alguns outros transtornos. Embora possa ser uma experiência produtiva e gratificante, é fundamental buscar um equilíbrio saudável para garantir que o hiperfoco não prejudique outras áreas importantes da vida.
O acompanhamento médico e terapêutico adequado é essencial para que pessoas com TDAH aprendam a gerenciar seus estados de hiperfoco e aproveitar suas habilidades únicas, enquanto aprendem a lidar com os desafios que o transtorno apresenta no dia a dia.
Ao compreender melhor o hiperfoco, é possível potencializar seus benefícios e minimizar suas possíveis consequências negativas.