No final de 2018, estava palestrando no maior congresso de diversidade LGBT+ do mundo, que teve uma versão brasileira, o Out And Equal Brazil e uma gerente de diversidade e inclusão de uma marca de tecnologia me disse:
-Sinto falta das pessoas tocarem na questão dos aliados, pois raramente se vê estratégias focadas nisso.
Concordo em partes.
A questão é que, hoje, as empresas se focam na “questão dos aliados” para engajar as pessoas nas suas questões de diversidade LGBT+. E isso acontece, muitas vezes, a partir da criação de grupos de afinidades.
O problema é que: engajar as pessoas é uma coisa, ser aliado é outra.
Deixe-me explicar melhor esse pensamento:
Toda empresa deseja que as pessoas se engajem nos seus programas, que comprem suas ideias e que façam do ambiente interno um espaço super inclusivo.
A questão é que mudar tudo isso requer mudar mentalidade, mudar cultura empresarial e investir pesadamente e a longo prazo em ações de diversidade e inclusão LGBT+.
Será que as empresas estão realmente dispostas a tudo isso?
E tem mais… Ser aliado é muito mais do que engajar pessoas.
Ser aliado não é só se posicionar a favor da diversidade, mas sim:
- Entender que você tem um papel de privilégio no mundo;
- Saber que diante desse papel, você pode ser um agente de transformação ao seu redor ensinando e desconstruindo quem ainda não está a favor da diversidade;
- Arregaçar as mangas e trabalhar em conjunto com a comunidade LGBT+ para criar ações que diminuem a LGBTfobia;
- Estar constantemente em atualização para entender das demandas da comunidade LGBT+ e saber como pode ajudá-la.
Portanto, ser aliado é bem diferente de fazer as pessoas entenderem que elas precisam ser menos preconceituosas e terem atitudes inclusivas durante 8 horas do seu dia e/ou enquanto estiverem dentro do seu ambiente de trabalho.
O sonho das empresas é moldar, sim, aliados.
Só que as companhias confundem tal papel com o engajamento de seus colaboradores.Ou melhor, se contentam em, pelo menos, ter em seu time o respeito das pessoas pela diversidade alheia. E dizem que isso é “ser aliado”.
Isso é o básico que se espera, não é? Principalmente em um ambiente de trabalho, dar e receber respeito, senão ninguém permanece ali por tanto tempo, certo?
Então se você quer ir além criar realmente aliados LGBT+, trouxe algumas dicas nesse texto.
Somos Todos Preconceituosos
Em 2014, a Human Rights Campaing efetuou uma pesquisa que apontou as 3 principais razões pelas quais a comunidade LGBT+ não se assume no trabalho.
São elas:
- 38% disse não estar confortável no trabalho para se assumir;
- 36% relatou se sentir estereotipada pelo que se é;
- 31% afirmou que perdeu as conexões com colegas de trabalho e não vê sentido em se assumir para eles / elas
O que podemos ver aqui?
Os ambientes de trabalho refletem a cultura da sociedade. Portanto, sem esforços explícitos para aumentar a conscientização e criar condições para os funcionários mudarem os seus comportamentos, é natural que preconceitos persistam e se reproduzam no local de trabalho.
Mas pera, Maira… Você está falando de engajamento de pessoas e agora de preconceito?
Sim, exatamente!
Como eu sempre falo:
Todos nós somos preconceituosos. Isso é um padrão natural do nosso cérebro, inclusive a neurociência explica isso lindamente.
O fato é para a gente engajar qualquer pessoa em uma atitude inclusiva e, consequentemente, de aliado, ela precisa entender do seu papel de transformação e dos seus preconceitos que precisam ser quebrados diariamente para depois poder se engajar com uma causa.
Então o que Podemos Fazer sobre Isso?
Não tem segredo, você precisa educar as pessoas para demostrarem de forma proativa e consistente os seus apoios a seus colegas LGBT+, através de seus comportamentos cotidianos.
Alguns deles são: linguagem, conversas, itens exibidos em suas mesas, atividades em que participam no trabalho.
A longo prazo, você precisará conscientizar as pessoas dos tipos de comportamentos permitidos e não são permitidos internamente; os tipos de conversas que também são viáveis na hora do almoço e em pequenas pausas.
Isso irá criar algo que todo mundo espera: um ambiente de aceitação.
É fato que os profissionais levam vidas ocupadas.
Para pessoas que não são LGBT+ e que não são diretamente afetadas por preconceitos LGBT+ todos os dias, é fácil esquecer e/ou não priorizar os treinamentos de diversidade LGBT+, não ler as atualizações sobre diversidade, enviada pela empresa, por e-mail e não participar dos eventos que mantêm o ritmo e a mudança de comportamento ao longo do tempo da cultura empresarial.
Para resolver esse problema e criar a motivação para os funcionários priorizarem a inclusão e/ou atitudes inclusivas sempre.
Para isso, você pode fazer:
- Ações e atividades para colaboradores agirem para eliminarem o preconceito nos ambientes de trabalho, como, por exemplo, dinâmicas e palestras que podem ser o começo de um caminho de transformação.
Agora, vamos para uma verdade dura e cruel:
Não adianta só fazer essa ação uma vez e pronto. Acabou o serviço! Não é assim que funciona as ações de diversidade e inclusão LGBT+.
O resultado da transformação é ter consistência e fazer micro ações a longo prazo.
É importantíssimo que você tenha um planejamento de ações de diversidade LGBT+ com focos em prioridades e metas que devem ser alcançadas.
E depois disso, vem outro desafio, sendo essa questão:
Como Transformar as Pessoas em Reais Aliados?
De novo, o que parece ser um segredo, é mais simples do que você imagina.
Então o que você deve fazer é:
Comprometer-se com o engajamento contínuo das pessoas ao longo do tempo.
Assim, a sua empresa pode alcançar resultados de participação dos funcionários engajados e, consequentemente, impactará na cultura do seu local de trabalho.
Quando as empresas investem no engajamento de seus funcionários para agirem segundo os seus valores, o céu é o limite para o engajamento dos funcionários, para a alteração da cultura com intuito de ser inclusiva no local de trabalho e a maximização do potencial dos colaboradores.
Portanto, aqui todo esforço vale a pena a longo prazo.
BÔNUS:
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