fbpx

Este site usa cookies e tecnologias afins que nos ajudam a oferecer uma melhor experiência. Ao clicar no botão "Aceitar" ou continuar sua navegação você concorda com o uso de cookies.

Aceitar

TDAH & Neurodivergentes

Coisas que Aprendi sobre o que é TDAH ao ser Diagnosticada com 29 anos

Maira Reis
Escrito por Maira Reis em 23 de novembro de 2022
5 min de leitura
Coisas que Aprendi sobre o que é TDAH ao ser Diagnosticada com 29 anos
Junte-se a mais de 5.000 pessoas

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

“Você tem falta de maturidade e não TDAH”.

Foi isso que ouvi de uma terapeuta ao final de 6 meses de consultas, ao solicitar um diagnóstico para saber se tinha TDAH, em um tratamento via SUS.

Daquele momento ao diagnóstico correto, rolou na minha cabeça as dúvidas:

  • O que é realmente TDAH?
  • Será que realmente é falta de maturidade mesmo?
  • Por que, muitas vezes, fico brigando comigo mesma porque estou com preguiça? É normal ter preguiça?
  • É normal se enjoar tanto das coisas? É normal se sentir mal por não ter conseguido terminar uma tarefa?
  • Por que tenho tanta energia?

A única coisa que realmente mudou foi a minha relação com “pegar mais leve comigo”, sem ficar me sentindo mal ou incompetente, quando acontece alguns picos — sejam de “euforia” ou de “desânimo”.

Hoje sei que se tudo está bem, logo mais ficará mal e vice-versa. Então já antecipo cenário.

Tanto que, muitas vezes, chego na terapia com algum desafio e cheia de um checklist de soluçōes e caminhos que podem resolver o problema.

Minha terapeuta sempre fala:

Viu que você já trouxe uma solução?

Sempre digo que aprendi sozinha a resolver meus problemas só, a não contar ninguém e preciso agir rápido.

Será minha impulsividade aqui gritando? Também, mas é…

Quem sempre foi responsável por si (e principalmente por ser filha mais velha), entendi que posso até chorar o leite derramado, mas saiba que estarei ali já limpando o líquido e catando os casos do vasilhame.

Há ainda muita coisa para organizar na minha vida / mente tendo TDAH – como, por exemplo, conseguir concretizar meus planos de longo prazo.

Amar o meu trabalho e minha vida não bastam. É preciso, muitas vezes, colocar duas vezes mais de dedicação e energia para concretizar o que precisa.

É uma batalha eterna, um dia após o outro. Nem sempre vencerei.

Olhando para trás até hoje, já foram muitas conquistas — desde a certeza do diagnóstico até batalhar para continuar na linha reta diariamente.

Foi por isso que resolvi fazer esse vídeo e começar a falar de TDAH nos meus conteúdos.

Resumindo Minha Saga pelo Diagnóstico do TDAH

1. Clique do emprego: quando me mudei para SP, percebi que conseguia parar em empregos por uns 3/4 meses e olhe lá.

2. Clique do emprego II: não que tivesse empregos muito legais e chefes massas, mas isso me fez recorrer à Internet e listar possíveis “doenças” relacionadas a falta de motivação e constância em trabalhos.

3. A conversa: com a lista em mãos e conversando com uma ex, me lembrei de uma conversa que minha mãe teve com uma psicóloga, quando eu era criança, falando ter TDAH. Foi aí que comecei a me focar nessa palavra.

4. O teste: descobri o site da Associação Brasileira de TDAH e tinha um teste online lá que dava a probabilidade de ter o transtorno. Eu fiz e praticamente “gabaritei” o mesmo. Então marquei uma consulta com um clínico geral no SUS.

5. Em 2018, tentei fazer todo o tratamento pelo SUS e foi uma experiência péssima. Os profissionais não entendiam quando falava de TDAH e não consegui avançar com o diagnóstico.

6. SUS I: queria ser encaminhada ao psiquiatra. Para isso, precisava de um encaminhamento. Falei do TDAH para o clínico que disse que não entendia. Me perguntou se roía unha, falei que sim e ele disse que, na real, tinha ansiedade e me encaminhou para uma psicóloga.

7. SUS II: fiquei 6 meses indo na psicóloga, 1 encontro por semana – após uns 3 meses para conseguir essa vaga.
Um dia, a pressionei para me dar o diagnóstico e me encaminhar ao psiquiatra. Ela disse que não tinha TDAH e sim “falta de maturidade”.

7. SUS III: saí da consulta tendo certeza que SUS não me ajudaria e precisava fazer por fora – foi quando resolvi mudar de emprego, terminara a faculdade de jornalismo, e começar a guardar dinheiro. Por sorte, entrei em um trabalho que comecei a amar e fiquei 2 anos.

8. Particular I: grana juntada, mais uma vez a sorte, em SP, estava começando o serviço: Dr. Consulta. Peguei a lista de psiquiatra deles e joguei o nome na Internet. O primeiro era um médico psiquiatra especialista em TDAH em crianças. Marquei uma consulta.

9. Particular II: por mais sorte ainda, meu médico também tem TDAH e a conexão entre nós foi imediata. O diagnóstico com ele veio, comecei a tomar remédio e faço consulta com o mesmo a cada 2 meses desde 2017. Agora, a consulta é diretamente com ele e de modo virtual.

Se tivesse um pouco mais de maturidade, alguns anos antes, teria feito isso mais cedo. E, hoje, o tratamento se torno prioridade na minha vida financeira.

9. Comecei também a fazer exercício físico e foi aí que entendi que consigo estar 3 anos treinamento quase todos os dias, consigo “vencer” TDAH. E mais, “agora”, consigo construir o que quiser, mesmo sendo uma pessoa neurodiversa.

Agora, que você já sabe um pouco da minha história com TDAH, principalmente relacionado ao diagnóstico… Quero compartilhar com você as coisas que aprendi tratando TDAH adulta.

As Causas do TDAH e Como Lidei com Elas

Quando descobri esse transtorno, uma coisa muito fundamental mudou a minha vida foi lidar com as causas do TDAH. Ou seja:

  • Saber que a preguiça, picos de desânimos e procrastinação são sintomas do TDAH.

Isso é um alívio porque você quer ser proativo, mas é impedido por uma atividade errada cerebral que não tem controle.

Quando entendi que isso é um sintoma do TDAH, falei: “então, não faço porque não quero, mas sim porque tem algo biológico me impedindo.

Não saber o porquê, até então, do nada, bate uma bad, um desânimo, uma falta de vontade para fazer alguma coisa que preste… E começar a analisar isso por uma ótica biológica, te faz tentar sofrer menos.

Não tem uma fórmula (mágica) para acabar com tudo isso. Sequer uma cura (milagrosa) para o TDAH. Diagnóstico correto, medicação e terapia são paliativos disponíveis hoje – pelo menos, no Brasil que pode pagar por algum tratamento.

Assim como beber água, verificar se todas vitaminas do seu organismo estão reguladas e atividade física.

E há também a possibilidade de testar as NNN estratégias de “produtividade” disponíveis nos livros, teses acadêmicas e na Internet – que, de novo, não resolvem o problema. Aliviam o sintoma.

Aliás, um dos livros que te indicam e que, para mim, pelo menos, me ajudou muito em técnicas de produtividade, é esse aqui – clique aqui para saber mais sobre ele:

livro de produtividade

Entenda de vez: o desânimo, a preguiça e procrastinação vão bater em qualquer pessoa, talvez mais rápido do que imagina. Só que tem TDAH isso é uma constância.

Não é assim, nossa, hoje “acordei desanimado”. Estou já desanimado naturalmente, porém estou aqui entregando o que precisa. E exige esforço energético e de automotivação para se manter “em pé”.

Claro que algumas coisas podem te deixar motivado no dia a dia, mesmo assim é 1% a mais cada dia para entregar tudo, mesmo querendo procrastinar a cada minuto.

O que Aprendi sendo Diagnosticada com TDAH aos 29 anos

1. FOCO: Sempre tive uma dificuldade de encontrar uma profissão porque sempre gostei de várias áreas ao mesmo tempo.

2. Dificuldade de priorizar as coisas: isso impacta em entender o que faz sentido hoje, o que precisaria priorizar e colocar energia para ter os resultados necessários no meu mundo profissional.

3. Tomar remédio não resolve seus problemas se você não mudar todas as suas atitudes. Ele te faz conseguir “sentar na cadeira”, mas ainda o desafio é teu de produzir o que precisa ser feito.

4. Mudar atitude vai requer, SIM, terapia. Conseguir mudar sozinho é praticamente impossível (para isso tem que ter uma autoconsciência que nem sempre a gente tem só). E não está sendo gostoso e nem é do dia para noite.

5. Remédio sem terapia e terapia sem remédio não deram certo para mim. Sempre que fico sem um dos dois, a minha vida vira de cabeça para baixo. Já tiveram momentos assim e é péssimo, de novo, para mim.

6. Não é barato manter terapia e remédio de TDAH todos os meses, principalmente porque eu não me adaptei com alguns medicamentos e então não tomo o mais barato do mercado.

A melhor coisa que realmente aprendi, é que ter consciência do TDAH é maravilhoso porque você sabe como age e pode antecipar alguns desafios — fora que dar o nome para aquilo que sente facilita tudo.

Contudo, nada disso resolve a tua vida. Você não só precisa querer, como também, muitas vezes, fazer 2 vezes mais esforços para continuar na “linha”.

E sim, você vai se cansar por investir muita energia nisso. Isso faz parte do processo de ter TDAH e viver.

Se você suspeita que tem TDAH, o que realmente recomendo é:

  • Leia todo o site da Associação Brasileira de TDAH;
  • Se o teste tiver disponível lá, faça;
  • Procure um médico particular especialista em TDAH;
  • Na Associação, tem uma lista de médicos / profissionais… Procure aquele que mais gosta e/ou vá atrás de serviços como consulta mais em conta – tipo Dr. Consulta;
  • Não desanime em diagnósticos incompetentes. Tente de novo.

BÔNUS

Te desafio a usar a leitura como um processo de autoconhecimento e começar a “fazer as pazes” com TDAH, mesmo que você não consiga ter tanto foco. Te proponho isso porque quando eu não tinha dinheiro para ser diagnosticada e/ou fazer tratamento foram os livros sobre TDAH que me ajudaram a me entender sobre o transtorno.

Com certeza, essa obra mudou a minha vida e recomendo super a sua leitura:

Vencendo o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: Adulto ➜

Uma boa leitura para você.

Você não pode copiar o conteúdo desta página