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Sexualidade & LGBTQIAPN+

14 Frases Homofóbicas: Desvendando o Preconceito Escondido nas Palavras - PARTE 2

Maira Reis
Escrito por Maira Reis em 1 de agosto de 2023
5 min de leitura
14 Frases Homofóbicas: Desvendando o Preconceito Escondido nas Palavras - PARTE 2
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Nesse artigo, continuaremos falando de frases homofóbicas. Trouxe 20 delas, nesse primeiro artigo, agora tragamos outras diferentes das já citadas no outro texto.

E você pode romper o preconceito, ao continuar estudado esse tema, nesses outros artigos complementares a esse:

Agora, conheça mais frases homofóbicas e saiba como quebrar seus estereótipos:

Não precisa ficar contando para todo mundo que você é gay, né…

Se um dia você conhecer um gay que fala sobre a sua orientação sexual, com certeza, essa pessoa tem muita segurança, certeza e orgulho de dizer quem ela é, em um país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+s, certo?

Ou seja, essa pessoa também tem coragem para falar sobre algo particular diante de uma sociedade que, a cada segundo, quer a invisibilizar (a colocar no armário) e dizer que ela deve ser assim e assado sem reconhecer a diversidade inata das pessoas.

Logo, se essa pessoa está contando que ela é gay para os outros é porque, realmente, ela não quer parecer, mas sim compartilhar algo que é inato dela e se colocar em um espaço social homofóbica.

Pare de censurar as pessoas dizendo que ela não deve falar isso ou aquilo. Se ela fala de si, tem segurança para falar, por que você se incomoda tanto?

Você deveria se incomodar com a saúde e a educação péssimas do nosso país; com a fome, a marginalização das pessoas que estão em situação de rua, né… E não do que os outros falam de si para o mundo, afinal quem está contando da sua vida, de quem ela é não é o outro e não você?

No dia que as pessoas estiverem contando da sua vida, da sua orientação sexual para o mundo, você terá todos os motivos para ficar incomodado / incomodada, mas não agora.

“Tudo bem ser gay, mas não precisa ficar desmunhecando”

(Variação da frase: “Tudo bem ser gay, não precisa ficar dando pinta”)

Essa frase demonstra, novamente, a necessidade de você colocar as pessoas em um padrão.

Qual é o problema de um gay desmunhecar e/ou dar pinta, se ele quiser?

Por que isso incomoda tanto em você – uma pergunta recorrente aqui?

Porque tem que ter um padrão másculo, hétero para uma pessoa ser gay?  E não um gay ter “um padrão” para ser gay?

Por que um gay não pode ser ele mesmo e pronto?

Aceitar a diferença e ver a diversidade no outro faz o mundo um lugar tão incrível!

E não é horrível ser preconceituoso com as pessoas porque elas não se encaixam no padrão social de masculinidade e feminilidade que você acredita que elas devem ter ou ser, né… Ou seja, deixe as pessoas serem elas mesmas, por favor?

O conceito “dar pinta / desmunhecar”, segundo a filósofa e pesquisadora de gênero Judith Butler, se chama “performance de gênero”.

“Homossexualismo é uma doença”

Já começou a crítica errada: tudo o que você for falar, escrever e dizer empregando o termo “homossexualismo” estão erradas. A palavra correta é homossexualidade.

A “homossexualidade” foi removida da lista de doenças mentais, nos Estados Unidos, em 1973.

O Conselho Federal de Psicologia do Brasil deixou de tratar a homossexualidade como doença em 1985. E a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1990, retirou o CID (Classificação Internacional de Doenças), ou seja, a homossexualidade da lista de doenças mentais.

Logo, ser gay não é uma doença. É a liberdade de viver o que o seu próprio coração deseja e sente. E quer diagnóstico melhor de ter saúde, ser saudável, do que isso?

Doença é se encaixar no padrão de vida que você acha bom para si e que acredita que todos, todas e todes devem seguir.

Doença / estar doente é ter que sofrer preconceito e LGBTQIAPN+fobia nessa sociedade que nos quer invisibilizar dia após dia.

Mais, considerado doente e viver um amor lindo, puro e bonito só porque ele não é compartilhado por um casal heterossexual e cisgênero. Isso, sim, é doença!

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“Isso é tão gay”

(Variação da frase: “Isso aí é coisa de marica”; “Isso é coisa de viadinho”; “ “Essa roupa não é muito gay”)

É interessante que ser gay é sinônimo de algo errado, menor, falho, de ser algo que não é visto como considerável socialmente. Por quê?

  • Por que ainda temos que ser reduzidos perante a sociedade heterossexual, machista, cisgênera?
  • Por que não podemos conviver no mesmo espaço social respeitando cada um pelo que se é?

Essas são as perguntas que as pessoas deveriam estar tentando responder ao invés de ficar diminuindo uma pessoa LGBTQIAPN+ só porque ela não tem o mesmo estilo de vida, orientação afetiva-sexual e identidade de gênero da maioria da população brasileira. Que triste!

“Você age como uma menina”

(Variação da frase: “Isso é coisa de menina!”)

Sabe, uma pessoa LGBTQIAPN+ agir como uma menina / mulherzinha é incrível, principalmente se compararmos essas pessoas LGBTQIAPN+ as milhares de meninas que se dedicam para estudarem, trabalharem e construírem as suas famílias. 

Logo, agir como uma mulher e menina não são motivo de nos envergonhar. Ao contrário, viu…

Agora, agir como um ou uma intolerante e sem um pingo de empatia, respeito pelo próximo, ah… Isso, sim, é motivo de se envergonhar!

“Eu amo pessoas gays, mas eu não quero que meu filho cresça gay”

(Variação da frase: “Eu não tenho problema algum com gays, só não quero que meu filho seja um”)

Então, falaremos a verdade: 

Você não ama e sequer respeita os gays, pois na sua cabeça eles são tão “má influência” que acredita que, ao ter contato com o mundo LGBTQIAPN+, o seu filho automaticamente “crescerá gay”. Oi?

Esse pensamento é tão interessante porque se fosse assim, não existiriam gays no mundo, né… Afinal, todo gay nasceu em uma família heterossexual e, com certeza, teve várias convivências e referências de casais heterossexuais durante o seu crescimento.

Portanto, se o contato com as pessoas heterossexuais tornassem as pessoas heterossexuais, por que há gays no mundo? 

Então o que faz você pensar que só fato do seu filho ter contato com gays o tornará gay?

A orientação sexual acontece a partir de um reconhecimento, vivência e autoconhecimento – como já foi dito aqui milhares de vezes – e, com certeza, não por influência e sequer por convivência.

“Ser gay não torna você automaticamente interessante”

Quem disse que o que é “automaticamente interessante”? Isso é algo muito subjetivo, afinal, o que é “interessante” para você não é para mim, sequer é para outra pessoa.

E tem mais: se ser gay não é ser interessante, como gays fazem networking com heterossexuais em diversos espaços sociais?

Agora, precisamos concordar em um ponto:

A única coisa que não faz ninguém ser interessante são os seus preconceitos e a sua LGBTQIAPN+fobia estampados nessa frase. Melhore!

“Eu não me importo com pessoas gays, só não gosto quando eles empurram isso na minha cara”

(Variação da frase: “Eu não tenho problema com gays, só não gosto que eles fiquem se agarrando na minha frente”)

É interessante analisar que o hétero e cisgênero vêem o universo LGBTQIAPN+ como um “empurrão na sua cara” e não como a liberdade de sermos quem quisermos.

E tem outra coisa: 

Já temos problemas e desafios demais para ficarmos tentando cutucar os héteros com o universo LGBTQIAPN+.

Todos os movimentos sociais que existem hoje, a favor do universo LGBTQIAPN+, são frutos da demonstração de que existimos, nós somos visíveis. 

E estamos buscamos, nada mais e nada menos, do que viver conforme o nosso coração e termos os nossos direitos assim como um casal hétero os têm hoje (aliás, sempre teve!) garantidos.

E é engraçado que vemos que os héteros e cis estão empurrando as suas relações sociais e formas de estarem no mundo na nossa cara. Por que será?

Porque respeitamos os outros como gostariam que fossemos respeitados. E, infelizmente, não recebemos esse mesmo respeito de volta. É tenso!

“Vira homem, menino!”

Mais uma frase que contém o machismo nosso de cada dia, né?

Novamente: por que um gay não pode ser ele mesmo, ele tem que ser macho, másculo, branco e aparentemente heterossexual?

Fora que essa frase tem uma mensagem subliminar como se um gay tivesse fazendo algo muito errado. É como se dissesse: pare de fazer, e no minuto, “vire” aquilo que é aceitável socialmente e “certo” perante o olhar do outro. 

Deixe eu falar: um homem gay, homem bissexual e/ou homem trans já são homens. Por isso ninguém precisa se tornar nada.

A única coisa que precisa transformar aqui é tornar a sua mentalidade retrógrada em uma mentalidade que respeita as diferenças e as diversas formas de se estar no mundo.

“Pouca vergonha!”

Vergonha? De quê? De vivermos a nossa orientação sexual e identidade de gênero em paz conosco mesmos?

De sermos diversos de você?

Na verdade, a única pouca vergonha que vemos é ter que nos deparar com esse viés tão retrógrado, preconceituoso que diz que ser LGBTQIAPN+ é safadeza, despudor. Só que isso jamais será!

No dia que você entender que ser LGBTQIAPN+ é muito mais do que sexo, pegação, putaria, e tem mais a ver…

E sim viver segundo o nosso coração e a nossa essência, irá entender que, no final, somos mais iguais do que você imagina – sim, cada um vivendo de formas diferentes no mundo, mas a essência é a mesma.

E a diferença que há entre vocês é uma forma incrível de aprender e ver a diversidade no mundo.

“Homem que é homem não anda se arrumado desse jeito, esse aí só pode ser viado”

(Variação da fase: “Eu até entendo ser gay, mas precisa ser afeminado desse jeito?”)

Mais uma vez impera a cultura machista impositiva: “não deve ser assim, não deve ser assado…”.

É muito difícil respeitar o outro pelo que ele é e não pelo que você acha que ele deve ser?

Na nossa sociedade há espaço para todos e todas serem quem são e o que acreditam ser melhor para eles e elas.

Ao invés de você ficar com esse pensamento, que tal dar a oportunidade de conhecer uma pessoa LGBTQIAPN+ para entender que são iguais? 

“Você é passivona!”

E se for? O quanto isso é relevante para você e mudará a sua vida?

Outra coisa, eu não sabia que na cama, entre quatro paredes, quando todo mundo está de acordo com as suas práticas, você deveria ser isso ou aquilo… Ou melhor, fazer isso ou aquilo? 

Foram instituídas regras para como as pessoas vivem suas próprias práticas sexuais que você não participa e sequer foi convidada / convidado a opinar?

Logo, ser passiva, ativa ou ser relativa não têm regras para tais práticas, né?

Aliás, talvez a única seja ser feliz e confortável sempre respeitando as pessoas que estão vivendo e se relacionando entre elas.

Por favor, pare de ter esses pensamentos preconceituosos e deixe as pessoas se amarem.

“Você escolheu ser gay?”

(Variação da Frase: “Essa opção sexual…”)

É claro que…. Não!

Escolhemos o emprego que nos é ofertado, a comida que almoçaremos, a balada que entraremos e o livro que leremos. 

Já orientação afetiva-sexual não é e nunca foi uma “opção” (inclusive, é por isso que falar “opção sexual é erradíssimo).

Orientação afetiva-sexual é uma identidade cultural (a meu ver, um estilo de vida) e um direcionamento das suas relações sexuais e afetivas.

Outra coisa: você escolheu ser heterossexual?

Se foi uma escolha, por que não escolheu ser homossexual?

Entende o porquê não escolhemos ser LGBTQIAPN+ assim como você não escolheu ser heterossexual?

“Você nem dá pinta de gay, eu não tinha ideia que você fosse”

A maioria das frases aqui é sempre: ou você dá pinta demais, ou dá pinta de menos.

Podemos só sermos, sem você ficar nos julgando pelo que você acredita que é melhor para um gay ou que deve ser o seu estereótipo de gay?

É simples: deixar ser as pessoas como elas são. Tenho certeza que você vai ganhar e o mundo também.

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