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Diversidade & Inclusão

O que é Viés | A Leitura Revolucionária para Você Quebrar o Viés Inconsciente Agora

Maira Reis
Escrito por Maira Reis em 4 de maio de 2018
5 min de leitura
O que é Viés | A Leitura Revolucionária para Você Quebrar o Viés Inconsciente Agora
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Você sabe o que é viés?

Viés pode ter várias interpretações desde aquela utiliza em acabamento para roupas até em conceitos argumentativos – e é justamente essa última definição que vamos usá-la para discorrer esse texto.

Viés é como se fosse um binóculo que você coloca para enxergar determinada situação e, a partir dele, acredita que o que enxerga é uma verdade, muitas vezes, absoluta.

Acontece porque a nossa vivência gera um repertório (composto de informações, dados, momentos, interações, memórias, etc.) que moldam as nossas referências.

Todo esse repertório nos faz tomar decisões baseadas nesse “acervo da nossa vida”.

É claro que tem um lado bom e ruim:

O lado bom é que quando estamos interagindo com um grupo de pessoas que têm esses mesmos repertórios sentimos que encontramos pessoas que falam a nossa língua. Ou seja, reconhecemos que somos parte de um tribo / comunidade – e isso tem um poder fenomenal, desde segmentações de uma “tribo” para ações de marketing até nos mover em prol de uma causa (a comunidade LGBT+ e eu são bons exemplos disso).

Seth Godin, no livro “Tribos – Nós Precisamos que Você nos Lidere” diz que…

“Muitos consumidores têm decidido gastar seu dinheiro comprando produtos não industrializados. E eles têm decidido não gastar o seu dinheiro abraçando ideias ultrapassadas. Os clientes têm decidido, ao invés disso, gastar tempo e dinheiro em moda, em histórias, em coisas que importam e em coisas nas quais acreditam”.

Seth Godin - Livro Tribos

O lado ruim é que esse viés nos fecha em um mundinho que dificulta o nosso crescimento enquanto ser humano ao impossibilitar de rompermos preconceitos e descobrimos novas visões sobre determinado assunto ou ideia.

Esse é o intuito desse texto:

  • Fazer você estar presente para os tipos de vieses e mostrar como rompê-los para acrescentar referenciais diversos na sua vida.

Vamos lá!

O Viés Inconsciente Versus o Viés Consciente

O estudo do viés inconsciente tem origem na neurociência, porém, eu, Maira, particularmente, tenho uma teoria que acredito que o viés não é só inconsciente. Veja bem, não estou aqui para dizer que a neurociência está certa ou errada assim como os seus estudos, mas sim te mostrar o meu ponto de vista sobre tudo isso, ok?

Primeiro, o que me incomoda é a palavra “viés” ali colocada, pois podemos a definir como uma direção, uma única direção ou um caminho X, que é diferente dos demais, mas que nos leva ao mesmo destino / conclusão de pensamento. Para mim, não é bem assim que funciona.

Quando você tem práticas não inclusivas e preconceituosas, você recebe informações erradas de várias fontes e não só uma única.

E não só um único caminho, ao meu ver, mesmo que esse caminho seja, até então, desconhecido, que nos levam a um pensamento ou uma atitude.

Agora se conectá-la com “inconsciente”. E vishhhhhhh, para mim, vira uma salada mista! Eu falo isso porque como sou fã do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Gustav Carl Jung que fundou a escola de psicologia analítica – aliás, recomendo ler esse livro aqui dele, O Homem e os seus Símbolos, porque realmente mudou a minha vida e dá uma introdução às teorias de Jung – e precisamos trazer, nesse texto, superficialmente, alguns conceitos junguianos.

Gustav Carl Jung

Se formos levar a palavra “inconsciente” para as teorias de Jung, você vai se deparar com 2 tipos de inconsciente, o coletivo e o pessoal. Não vou explicar a diferença entre eles aqui, pois a intenção desse texto não é virar uma defesa de teorias psicológicas. Mas sim, resumir o que Jung entendia do funcionamento do inconsciente, seja ele pessoal ou coletivo.

Ele apresentava que o inconsciente é autônomo, funciona além da consciência – na verdade, explica que o inconsciente tem uma relação com a consciência. Portanto viés inconsciente se, eu, Maira, for levar para a teoria junguiana, me deparo com dois erros:

1º) – Não é uma atitude única, um direcionamento específico de um comportamento estereotipado e preconceituoso. Mas sim várias atitudes, vindas de várias maneiras.

2º) – Não é também algo que só o inconsciente faz. Há sim atitudes conscientes, principalmente quando você passa a entender exatamente o que é cada um desses viés e o que eles representam.

Desvendando os Tipos de Vieses que Existem

Nesse texto, vou focar nossos vieses que geralmente compõem a base de algumas palestras minhas. São eles:

  • Afinidade;
  • Percepção;
  • Efeito Halo;
  • Grupo;
  • Confirmação.

Simbora desvendar cada um deles:

2.1) – O que é o Viés da Afinidade

Viés de Afinidade

Como eu já disse acima, temos a tendência a nos conectar e a gostar de quem é parecido / parecida com a gente, seja pelo nosso gênero em comum, raça, faculdade onde estudamos, termos o mesmo hobby, termos nascido no mesmo hospital / cidade, etc.

Logo o viés da afinidade lhe dá direcionamento de atitudes e ações quando você se identifica com pessoas que têm características em comum com você. É importante que o viés ocorre quando com essas ações acontecem com uma certa frequência e não quando você se identifica com alguém esporadicamente.

Um exemplo prático:

  • Se o seus amigos pensam que uma pessoa trans é uma aberração da natureza, a tendência é que você tenha o mesmo pensamento.

Acredito que para essa frase vale a pena um questionamento:

  • Mas por que você não pode pensar diferente dos seus amigos e acreditar no que você quiser?

Amigo que é amigo não vai terminar uma amizade contigo só porque você tem uma vertente de pensamento diferente da dele – inclusive, isso é uma das maravilhas da diversidade.

Deixar as pessoas nos mostrar diferentes visões e informações do mesmo espaço social que nos encontramos e interagimos.

2.2) – O que é o Viés da Percepção

Viés da Percepção

O estereótipo, segundo a psicologia social, é uma crença fixa e generalizada sobre um grupo ou classe de pessoas em particular. Logo o viés de percepção reforça os estereótipos sem que você tenha acesso à alguma fundamentação concreta em dados, pesquisas, estudos, análises, diagnósticos e/ou investigações.

Um exemplo prático:

  • É quando ouvimos que o universo LGBT+ só tem putaria. O que essas pessoas não sabem é que o turismo LGBT, em 2017, cresceu 11% a mais do que a média da indústria. E que filmes LGBTs brasileiros foram, no primeiro semestre de 2018, premiados no Festival de Berlim – um dos mais importantes do mundo.

Logo como o universo LGBT+ só tem putaria, se tanto o turismo como o cinema LGBT+ estão se destacando na mídia e dentro dos seus respectivos setores?

2.3º) – O que é o Viés do Efeito Halo ou Auréola

Viés do Efeito Halo ou Auréola

O viés do efeito halo ou auréola acontece quando você superestima uma pessoa, ou seja, é como se você estivesse vendando os seus olhos para os possíveis defeitos ou pisadas na bola do outro.

Exemplo prático:

  • Você fica amigo de uma pessoa LGBT e alguém te conta que ela [a pessoa LGBT] está traindo quem ela é, por exemplo, casada / casado. Logo, por você ter essa afinidade com esse indivíduo LGBT, gostarem dos mesmos filmes, por exemplo, e dizer “que a conhece muito bem” não acredita no fato que te contaram sem ir atrás para ver se tal informação é ou não verdadeira. Ou seja, simplesmente prefere ignorar e continuar defendendo essa pessoa LGBT.

Não se esqueça que todos nós somos seres humanos e podemos sim pisar na bola com diversas pessoas e de diferentes formas – das mais cruéis até as mais amenas.

2.4º) – O que é o Viés do Grupo

O Viés do Grupo

Alguma vez na vida, com certeza, você já disse (principalmente para a sua mãe):

  • Eu vou vestir isso porque todos os meus amigos vestem assim! Se eu colocar essa blusa que você quer, além de ficar ridícula / ridículo, ninguém vai querer sair comigo… Afff.

Pois é, esse é efeito do viés do grupo… É quando não fugimos de um padrão existente dentro de grupo de pessoas.

É o típico “Maria Vai Com as Outras”. Rs! Em resumo:

É quando bate aquele medo de não se encaixar em um padrão, em um grupinho, portanto você “precisa” seguir uma tendência que X pessoa disse que é o certo, o bonito e o coerente dentro daquele espaço social.

  • Mas ninguém se perguntou:
  • Quem disse?
  • Por que devemos agir assim ou isso?
  • Por que não podemos quebrar os padrões?
  • Qual é a lógica dessa “regra”?
  • Por que não podemos ser um grupo diverso?

2.5º) – O que é o Viés de Confirmação

Viés da Confirmação

Deixei para o final o viés que as pessoas têm mais curiosidades de entender e saber como ele funciona no nosso dia a dia: o viés da confirmação.

Esse viés diz que a tendência é buscarmos informações e dados que confirmam uma determinada crença ou ideia.Em outras palavras, é como se tivéssemos com os olhos vendados para a verdade, fazendo nos enxergar só aquilo que queremos.

Vou pegar um exemplo acima para traduzir em termos prático tudo isso:

Ao dizer que o universo LGBT é só putaria, você vai atrás de informações tendenciosas sobre uma Parada LGBT+ que demonstra como as pessoas estavam bêbadas, se pegando no meio da rua e infringindo “os bons costumes da família tradicional brasileira”. Ou seja, “confirmando” a sua tese que a comunidade LGBT+ é só putaria.

Mas… Oi? Primeiro, quem disse que existem “bons costumes da família tradicional brasileira?”. E mesmo se existissem, que o instituiu? O que os rege? A bíblia?

Mas se eu não sigo a bíblia, tenho outra religião… Como faz nesse caso? Esses “bons costumes” devem ser estendidos para mim? Depois o que é família tradicional brasileira? Podemos ter interpretações diferentes sobre esse ponto também.

Talvez o meu conceito de família seja diferente do seu, não? Talvez eu acredito que o que está na Constituição Brasileira referente à questão familiar, hoje, em maio de 2018, não condiz com o que eu vivencio como família. E aí? Como faz?

Terceiro (e último para não aprofundar tanto nesse pensamento preconceituoso e mentiroso), você sabe o quanto move a economia de São Paulo, a Parada LGBT+?

Logo, não é cruel dizer que a Parada LGBT+ é putaria quando, se você olhar por outro ângulo, vai enxergar um movimento que gera oportunidade de renda para pessoas que precisam, fora o comércio local?

Por fim, será que você sabe que as Paradas de São Paulo têm um tema que é a oportunidade para a comunidade LGBT+ jogar luz e levantar discussões sobre os seus desafios?

Ah, caso nenhum desses argumentos tenha lhe convencido, só me resta essa afirmação:

Fervo e existência / representatividade também são lutas!

Como Acabar com o Viés de Confirmação Assim Como os Demais Vieses

Depois que você entendeu exatamente como os vieses funcionam está na hora de ir atrás de ações para quebrá-los, Acabar com o viés da confirmação assim como os demais requer algumas simples práticas:

  1. Permita-se olhar além do seu espaço social e das referências;
  2. Vá atrás de encontrar informações que te dão os dois lados da mesma moeda;
  3. Questione tudo e todos;
  4. Não se contente com resposta pronta e nem a primeira que encontra;
  5. O diferente pode ser estranho se você o olhar dessa forma, ou seja, (quas) tudo na vida está na forma como olhamos para o mundo e as pessoas;
  6. Estude o presente, passado e futuro das sociedades;
  7. Viaje para conhecer diferentes culturas e formatos de pensamentos;
  8. Permita-se experimentar o desconhecido;
  9. Esteja sempre lendo e de tudo – desde folhetos que te dão na rua passando revistas até teses científicas;
  10. Saia da bola das redes sociais, siga pessoas diferentes e em canais diferentes;
  11. Peça indicações para amigos diferentes de filmes, músicas, exposições, livros e peças de teatro para você consumir;
  12. Nunca acredite na mídia tradicional, principalmente a brasileira;
  13. Aprenda novas línguas para ter vivências e informações em diferentes sociedades;
  14. [Use com Moderação essa Informação] Conversa com estranho que estão em um espaço social seguro para você;
  15. Não assista TV e peça para as pessoas te contarem as notícias que estão rolando por aí;
  16. Percorra um caminho conhecido para um destino rotineiro de diferentes formas;
  17. Analise silenciosamente como as pessoas conversam, agem e caminhem ao seu redor;
  18. Entre em grupos diferentes nas redes sociais para analisar o comportamento das pessoas;
  19. Encontre uma causa para defender e vá atrás de pessoas que a defendam também como aquelas que são contra – entendam os dois lados de uma moeda para depois tirar as suas conclusões sobre o porquê é tão importante para você defender o que você defende;
  20. Coloque em uma posição eterna de quebrar preconceitos e paradigmas.

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