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Diversidade & Inclusão

Mantenha-se Atualizado sobre o que é Tokenismo

Maira Reis
Escrito por Maira Reis em 25 de outubro de 2021
6 min de leitura
Mantenha-se Atualizado sobre o que é Tokenismo
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Imagine a seguinte cena:

De uma hora para outra, a sua empresa contrata uma pessoa negra trans para trabalhar no seu time.

Parece legal, não é?

Podemos pensar:

Que massa, essa empresa está dando os primeiros passos em prol da diversidade?

Tá, ela contratou UMA PESSOA TRANS NEGRA. E aí?

  • Cade um projeto estruturado de diversidade?
  • Quais são os próximos passos?

O problema é que isso, muitas vezes, é uma “tendência” que as empresas fazem para acharem que estão inclusas, mas não é bem aí.

A situação que descrevi acima infelizmente é muito comum em várias empresas:

Elas contratam uma pessoa de um grupo marginalizado socialmente para que não sofra pressão do mercado ou ainda para evitar críticas.

Isso também é bem comum quando uma empresa pisada na bola e logo vem o discurso:

Não é bem assim, ATÉ TEMOS aqui, internamente, algumas pessoas representantes de um grupo.

Porém, é claro que faltam políticas de inclusão e ações estruturadas de um projeto de diversidade. Mas veja bem: você deve estar se perguntando…

Peraí aí, Maíra… Não é uma boa prática de diversidade contratar pessoas de grupos marginalizados para que o ambiente se torne inclusivo?

É e não é.

Explico:

Nos exemplos acima, o que a empresa está fazendo tem um nome meio estranho que é o tokenismo.

O tokenismo é uma atitude em que a empresa, um órgão, uma estrutura governamental se esforça minimamente para “incluir” internamente membros de um grupo marginalizado.

Quer um exemplo simples:

Enquanto escrevo esse texto, o presidente do Brasil é Jair Bolsonaro e na sua gestão tem um exemplo claro de tokenismo: a presença da Ministra dos Direitos Humanos Damares Alves.

Por que é Tokenismo

Pelo histórico da mulher ter uma dificuldade de inserção na política e, principalmente, em altos cargos do governo federal em contrapartida a falta de atividades do atual governo de inserir mais mulheres na sua gestão.

E para piorar, o governo faz super propaganda da presença dessa mulher nesse Ministério, sendo ela, muitas vezes, “representante” de um grupo super diverso que são as mulheres.

Antes da gente se focar em como a rompemos essa tendência em que algumas pessoas acham que estão incluindo grupos diversos nas suas atividades, mas não estão, quero te explicar como esse termo surgiu:

Foi no final da década de 1950, no livro Por que Não Podemos Esperar, em que o ativista Martin Luther King Jr. discutia o termo e como ele constitui uma aceitação mínima do povo negro para o acesso à sociedade dos EUA.

Tokenismo entra no mundo do trabalho em 1993 quando a professor da Harvard Business School Rosabeth Moss Kanter apresentou a seguinte informação sobre um estudo que realizou:

  • Menos de 15% do total da população de uma empresa é um grupo marginalizado socialmente dentro de uma estrutura organizacional e tem um colaborador que se torna funcionário simbólico daquele grupo, naquela estrutura.

E sabe o que é pior, é que o tokenismo tem consequências graves para quem se torna token dentro da empresa – isso mesmo, quem é o único representante de um grupo tem como denominação token.

A inclusão é reconhecer a diversidade do outro e conectá-la dentro de uma estrutura organizacional respeitando as experiências e identidades das pessoas, principalmente das pessoas oprimidas e marginalizadas.

E o tokenismo apaga tudo isso, você se torna uma pessoa um outdoor falante para qualquer coisa que a empresa acha que você deve representar.

E isso, muitas vezes, acaba gerando um problema sério: criação de um estereótipo, em cima da pessoa, sobre o que aquele grupo é a partir das experiências dela.

E essa pessoa que se torna visível como representante de um grupo social interno, já que a empresa não se esforça para incluir mais pessoas, se chama token.

Ser um token internamente te traz algumas consequências como:

  • Se tornar extremamente visível internamente – por exemplo, pessoa em uma pessoa negra em um local de trabalho só com pessoas brancas e a empresa nem liga para isso: quantas empresas você não conhece que é assim?;
  • Isso pode trazer algumas consequências para aquela pessoa que se torna visada como, ansiedade, estresse, além de gerar uma auto pressão, que, consequentemente acaba gerando em cima daquela pessoa, pode trabalhar demais ou de forma descontrolada para ser sempre reconhecida como uma “boa representante daquele grupo”.
  • E, segundo os seus parâmetros, ela pode se sentir culpada, envergonhada e com esgotamento por não conseguir atingir aquelas expectativas.

Tá, agora, acho que você está se perguntando: como combatemos o tokenismo internamente?

Simples:

É que as empresas realmente estruturam um projeto de diversidade e inclusão corporativo, no qual incentivam equidade e inclusão garantindo ter diversos colaboradores que representam a demografia daquele grupo marginalizado, trazendo assim diferentes visões e vivências do que é ser pertencente a ele.

A partir daí, a empresa deve garantir que não é só uma pessoa que será chamada para representar aquele grupo em atividades internas e/ou externas.

E, agora, minha dica pessoal para você que se encontra em uma situação de ser um token dentro da sua empresa:

Procure encontrar mentores e uma comunidade de apoio fora da sua empresa, se não tiver nada dentro dela, para não só te apoiar na sua saúde mental como poderá te direcionar para os próximos passos – seja modificar de trabalho ou agir para transformar a sua empresa.

E lembre-se: não dá para mudar o mundo, a empresa e a sociedade se você estiver doente e com a sua mente destruída.

P.S.: Novidade!

Aprenda mais sobre diversidade e inclusão, principalmente tokenismo. Para isso, veja a nossa lista de livros indicados.

Um bom aprendizado para você.

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